As engrenagens da Transformação Digital
A Transformação digital exige um olhar em várias perspectivas, como apresentado no modelo de transformação digital da RKKG Consulting.
Estamos falando em primeiro lugar, no desenvolvimento cada vez mais rápido de novas tecnologias que estão mais acessíveis à população em geral ou às indústrias e negócios de pequeno e médio portes. Falamos de inteligência artificial (IA), internet das coisas (ioT) e computação na nuvem (cloud) , além do acesso à mobilidade.
Segundo, devemos pensar nos processos, como parte de um movimento de digitalização e eficiência operacional.
Terceiro, a perspectiva do cliente, o que muitos entendem que deve ser o centro das transformações. Novos formas de comunicação, a experiência e a multicanalidade fazem parte deste olhar. Estes movimentos nos levam ao olhar de como devemos encontrar modelos de negócios que capture e entregue valor para todos, combinando o offline com o digital (online). Não menos importante os dois últimos pilares, fundamentais na construção de valor, que são como fontes de energia para a transformação – a inovação e a mentalidade digital (mindset) e cultura organizacional. Todas estas perspectivas combinadas levam à verdadeira transformação digital.
Os desafios da transformação digital do setor
Como vimos, todos os olhares apresentados acima são importantes e devem ser combinados.
A transformação digital nas empresas, incluindo o setor de energia, tem se acelerado devido a pandemia. Entretanto, como apontado pela Schneider Electric, a digitalização e adoção de tecnologia, ainda tem um longo caminho a percorrer.
O setor energético ainda é pouco “digital”, como exemplo mostrado no gráfico, o setor de construção e distribuição de energia ainda tem um baixo índice de digitalização, o que traz inúmeros desafios na implementação de novas tecnologias, mas também inúmeras oportunidades para transformar os negócios.
As grandes transformações só serão possíveis se levarmos de fato digitalização ao setor, por meio de redes de conectividade massiva e baixo custo (LoRA) ou celular (4G, 5G) e um ambiente a inovação aberta, fomentando um ecossistema de soluções e uso cada vez maior de inteligência e algoritmos para a tomada de decisão.
Adicionalmente, novos modelos de negócios serão possíveis, coo exemplo, o próprio movimento do “prosumer”, o consumidor gerando energia e entregando de volta à rede, já é um caminho possível. Muitas inovações e empresas surgirão neste setor.
O GAP de recursos – da formação básica ao desenvolvimento das SoftSkills
Como vimos o mundo da Emergia 4.0 vai exigir novas capacidades dos colaboradores, o que torna o pilar de pessoas, dentro da transformação digital, ainda mais importante e desafiador.
De acordo com o estudo do Fórum Econômico Mundial, The Future of Jobs Report, 2020, novas competências serão requeridas em todos os setores da economia. Em especial, áreas que combinam conhecimento técnico e fatores humanos, promovendo cada vez mais um pensamento crítico serão cada vez mais importantes.
Do ponto de vista de formação, temos um desafio enorme no Brasil, para capturar todas as oportunidades de negócios geradas pela transformação
Segundo pesquisa da Mckinsey – Brazil Digital Report, 58% dos fundadores de startups no Brasil têm formação da área técnica. No entanto o Brasil tem uma lacuna gigantesca na formação de pessoas com formação técnica. Temos hoje um gap de mais de 200 mil engenheiros, segundo entidades do setor... e o cenário não é alentador.
Dados da Samsung nos mostram que temos uma baixa taxa de formação de especialistas, mesmo com uma grande quantidade de cursos oferecidos.
Também temos uma lacuna na formação básica em disciplinas mais técnicas como ciência, tecnologia, engenharia e matemática (do inglês, STEM)
Portanto, as transformações só trarão os benefícios prometidos e os efeitos positivos desejados para toda a cadeia energética, se preparamos os profissionais do setor para terem uma visão mais ampla dos desafios de toda a cadeia - oferta e demanda junto com fatores humanos, mas ao mesmo tempo estarem capacitados para inovarem no campo mais técnico como o da ciência de dados, inteligência e da gestão de negócios.
Texto escrito por Andre Gildin, sócio da RKKG Consulting em parceria com a Recursus